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Como definimos a nossa noção de sucesso

Na sociedade actual muitos indivíduos conseguem atingir o que é considerado por muitos sucesso: conseguem acumular riquezas enormes, adquirir bens materiais, atingem a fama, ganham prémios, são considerados dos melhores do mundo, etc., e mesmo assim muitos deles acabam em drogas, álcool e até mesmo chegando ao suicídio.

Biologicamente fomos programados para o sucesso, fomos programados para vencer e detestar perder. O ser humano quando não consegue atingir o que pretende transforma-se, entra em 'crise'. O seu estado emocional modifica-se e entra luta consigo próprio para tentar entender o que se passou, arranjando explicações para o que aconteceu. Entra em estados mais ou menos profundos de introspecção, temos que encontrar uma causa para o nosso insucesso.

Para termos a noção de sucesso, temos que arranjar uma métrica de comparação. Com isto quer dizer que temos que ter algo que possamos avaliar e comparar.

O dinheiro que se ganha por mês, o peso que se tem diariamente, a quantidade de telefonemas que fazemos ou recebemos, se nos sentimos felizes com a(o) nossa(o) parceira(o), prémios que ganhamos por ano, jogos que vencemos, amor, poder, família, etc.

Estes são alguns exemplos de métricas que utilizamos para classificar o sucesso nas diversas áreas das nossas vidas.

Até aqui não tem problema nenhum, todo o ser humano é programado para funcionar desta forma. As problemáticas podem aparecer em dois aspectos:

1 | Quando utilizamos métricas que não estão assentes naquilo que podemos fazer, estão assentes em algo irreal, em algo sonhado, algo imprevisível.

Quando utilizamos o número de vitórias como métrica, estamos a caminhar para o insucesso. Vencer não significa que se foi melhor, somente que se conseguiu um resultado, assim como perder não significa que se foi pior. Existem muitas variáveis imprevisíveis que podem levar a que se ganhe ou perca um jogo, variáveis essas que não são controláveis pelo ser humano.

Vamos ganhar e perder jogos que 'não merecíamos', é inevitável.

Quando ganhamos um jogo que não merecíamos ficamos com a noção de sucesso, mesmo quando o adversário foi muito melhor. Igualmente, quando perdemos mas fomos muito superiores, ficamos com a noção de insucesso.

O ganhar ou perder não tem que necessariamente significar sucesso/insucesso, no desporto joga-se para se ganhar, mas nem sempre se ganha. O vento ou o tempo podem ditar um resultado.

Outra métrica muito utilizada é a quantidade de dinheiro que se faz por mês. Uma crise económica pode levar a que se comece a ganhar menos dinheiro, sem que razão aparente apontasse para tal. Quando o estado aumenta os impostos ou quando a empresa entra em bancarrota são outras causas que não se controlam.

Quando assentamos a base do nosso sucesso neste tipo de métricas, estamos a colocar-nos a jeito para nos darmos mal. Mais tarde ou mais ficamos sem as bases e todo o edifício que edificamos sobre elas acabará por ruir.

As métricas a utilizar devem ser assentes em algo que possamos controlar: o nosso próprio esforço, disponibilização de tempo para determinados temas, extrema preparação para determinado evento, dar o máximo em todas as tarefas, procura constante de novas formas de melhorar, a obsessão por determinado conhecimento, etc.

Estas são algumas das métricas utilizadas por aqueles que são considerados dos melhores do mundo, seja em que área for.

Quando me refiro aos melhores do mundo não me refiro àqueles que a sociedade considera os melhores no momento, refiro-me àqueles que se mantêm imortais no tempo, àqueles que atingiram rendimentos humanos extraordinários, seja no domínio físico ou do conhecimento.

2 | Quando utilizamos métricas de comparação com outros.

Quando utilizamos este tipo de métricas estamos a limitar-nos. Corremos o risco de ultrapassar a quem nos comparamos e pararmos por ai, mesmo tendo mais para dar.

Por outro lado, sempre que o outro consegue evoluir temos a noção de insucesso, ficamos mais longe do que nos propomos, temos uma noção de perda.

Mais uma vez, os melhores do mundo não se comparam com outros. Querem sempre mais, evoluir, crescer, desenvolverem-se, procuram melhorar a todo o momento. Não ficam satisfeitos com o que conseguem, querem sempre um pouco mais. Entendem que quando definimos um limite para nós próprios e o conseguimos atingir, de imediato se tem a noção que temos um pouco mais para dar. Entendem que os limites são colocados por nós próprios.

Quais são as métricas que utilizas para definir o teu sucesso?

Para os melhores de todos os tempos é comummente aceite que a obsessão pelo desenvolvimento, crescimento, disciplina, rendimento máximo e rigor são algumas métricas que os levaram a atingir rendimentos extraordinários. Mas tudo vem com um custo. Adaptar este 'Mind Set' pode levar-nos muito longe mas sai-nos do corpo, a disciplina é enorme.


 
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