EXERCÍCIO 17
EXERCÍCIO | FORMA | OBJECTIVOS
Exercício de passe sem oposição Gr+10v0
OBJECTIVOS OFENSIVOS
Criação de rotinas e mapa mental do posicionamento em estrutura.
Espaço de exercício em meio campo delimitando dois corredores laterais com 7m cada.
Complexidade 50%

Figura 01
DESCRIÇÃO | REGRAS
Os jogadores são posicionados consoante uma estrutura ofensiva pré-definida. Neste exemplo iremos utilizar o 1-4-2-3-1.
O exercício tem o seu início com uma bola que os jogadores vão circulando entre si, adaptando-se constantemente ao posicionamento desta.
Todos os jogadores devem estar preparados para receber a bola, para ser opção.
A bola deve circular no máximo a 2/3 toques.

Figura 02
A estrutura ofensiva terá três posicionamentos rígidos. Com isto queremos dizer que devem estar sempre ocupados, esteja onde estiver a bola.
Nos corredores laterais dois jogadores por forma a termos a todo o momento uma estrutura ofensiva com largura máxima. Se um lateral se movimentar para dentro, o extremo deve assumir a largura máxima.

Figura 03
Uma segunda orientação vai no sentido de dar profundidade ofensiva. Tem que haver preocupação de alguém estar posicionado perto da linha do meio campo. Se o ponta (9) vier no apoio frontal, um dos extremos deve avançar para ocupar o seu posicionamento.

Figura 04
Por fim, é pedido que a todo o momento estejam posicionados dois defesas sensivelmente à largura da grande área. Se um dos centrais optar por progredir no terreno, o seu movimento deverá ser compensado pelo recuo de um dos médios, por norma o médio centro (6).

Figura 05
Ao trabalharmos neste tipo de estrutura, sem a presença de oposição, pretendemos facilitar a criação de uma imagem mental em cada jogador. Consoante o seu posicionamento em campo, estes começam a ter a noção de quem se movimenta à sua volta assim como quem está na periferia.
Em situação de jogo o processo de decisão sai facilitado, em especial em contextos de grande pressão onde a decisão é quase que automática. Tendo anteriormente vivenciado este tipo de exercícios, o jogador consegue decidir consoante a imagem mental que criou do seu posicionamento e movimentações dos colegas. Por vezes irá tomar uma decisão sem olhar, só porque sabe quem alguém vai aparecer para onde colocou a bola.
Estas decisões sairão ainda mais facilitadas se o treinador praticar algumas combinações tácticas para a sua equipa.
Exemplo:
O central ao receber a bola terá sempre o apoio frontal do extremo do seu lado, a bola ao entrar neste jogador sabe de imediato que terá uma linha de passe em cobertura por parte do médio interior desse lado. Este por sua vez, sabe que o lateral do lado oposto se irá projectar em profundidade enquanto o extremo do lado oposto procura espaço mais interior, seja numa desmarcação de apoio ou ruptura.
Nesta situação o médio interior não necessita de observar o jogo de forma profunda, já sabe que os colegas se vão movimentar consoante um padrão pré-definido. Basta observar qual o espaço disponível para colocar a bola e a decisão sai muito mais rápida.

Figura 06
Se os jogadores forem 'obrigados' a estar sempre a analisar o jogo para descortinar uma linha de passe para um colega, acontece que o seu processo de decisão será muito mais lento. É importante a criação de algumas rotinas pré-definidas por forma a facilitar este processo de decisão.
Teoricamente, quanto mais perto da área adversária, maior a concentração de jogadores opositores. A criação de rotinas nestas zonas torna-se mais complicado de operacionalizar com eficiência, devido a esta enorme concentração de opositores. Nestas zonas os jogadores devem gozar de uma maior liberdade para decidir consoante o que observam.
Em suma, é importante a criação de rotinas pré-definidas em especial para os dois primeiros terços do terreno de jogo. Desta forma conseguimos criar um mapa mental colectivo que todos podem seguir, com as devidas adaptações do momento, como seria de esperar.

Figura 07
No último terço os jogadores devem ter maior criatividade, maior liberdade para decidir consoante cada momento, a elevada concentração de adversários assim o obriga.

Figura 08
Com este exercício focamos a nossa atenção na criação de rotinas nos dois primeiros terços do terreno. Criar uma rede decisional colectiva onde os jogadores se movimentam não só consoante o posicionamento da bola como também da movimentação dos colegas.
Havendo maior liberdade no último terço não significa que o treinador abdique por completo de treinar algumas rotinas, circulações ou combinações. Nada mais longe da realidade. É importante que hajam algumas rotinas trabalhadas, em especial quem procura a profundidade, quem fica no equilíbrio ofensivo, quantos entram na grande área, se existe algum jogador a procurar o primeiro poste quando existe um cruzamento, ou só se procura o segundo.
A diferença é que no último terço qualquer espaço que se crie é para ser aproveitado. Nestas situações os jogadores devem ter a liberdade total para procurar as decisões que o próprio jogo lhe proporciona.
Ao invertermos o sentido de ataque, colocando os jogadores a circular no meio campo ofensivo com o objectivo de finalizar na baliza, conseguimos trabalhar os aspectos do último terço, onde existe uma maior criatividade/liberdade para os jogadores.
Neste variante do exercício deveremos colocar cones posicionados simbolizando os defesas adversários. Deve-se também colocar um ou dois médios centro, somente para quem ataca conseguir ter algumas referências.

Figura 09
É fundamental que os jogadores estejam nas suas posições, para que se possam habituar ao seu posicionamento específico e às linhas de passe que este lhe permite.
Ao trabalharmos neste tipo de estrutura dará uma ideia mais clara aos jogadores de onde estão os colegas e quais as opções mais curtas ou longas o seu posicionamento lhe permite
João Miguel Parreira