EXERCÍCIO 31 - DEFINIÇÃO ESTRUTURA OFENSIVA
EXERCÍCIO | FORMA | OBJECTIVOS
Exercício para organização ofensiva 10v0+Gr.
OBJECTIVOS OFENSIVOS
Posicionamentos ofensivos e dinâmicas.
Espaço de exercício a utilizar campo inteiro com excepção da grande de uma das grande áreas.
Complexidade 50%

Figura 01
REGRAS | DESCRIÇÃO
Os quadrados pretos são bonecos estáticos ou cones que simbolizam o posicionamento defensivo do adversário. O posicionamento deste cones cabe ao treinador que deverá escolher contra qual estrutura defensiva o exercício se irá realizar (433, 442, 352, etc.).
O exercício inicia-se com a colocação de uma bola longa por parte do guarda-redes num dos defesas. Estes devem reagir à trajectória da bola, recuando para a zona de onde vai cair.
O defesa que toca na bola deve fazê-lo ao primeiro toque para um dos colegas que se encontram à sua frente (médios) que por sua vez deve devolver para um dos jogadores da linha defensiva.
A partir deste momento os jogadores devem assumir posicionamentos em largura e profundidade (campo grande), consoante as indicações específicas dadas pelo treinador.

Figura 02
INTERPRETAÇÃO
Tradicionalmente utiliza-se o espaço como referência para a organização ofensiva de uma equipa, com o campo a ser dividido em quatro zonas: Zona da 1ª fase de construção; Zona da 2ª fase de construção; Zona de criação, e; Zona de finalização.
Cada zona corresponde a 1/4 do espaço em profundidade, indo a equipa passando de zona em zona consoante o posicionamento da bola.

Figura 03
A problemática deste tipo de organização é que tem como referencial uma variável fixa, o campo. Para chegarmos à zona de criação temos que levar a bola para o meio campo ofensivo. Intuitivamente sabemos que isso não corresponde à realidade, pois a bola pode estar no nosso guarda-redes e estarmos em condições de criar uma situação de muito perigo para a baliza adversária.
Para tal basta o adversário optar por um pressing muito alto, posicionando todos os seus jogadores no seu meio campo ofensivo. Nesta altura um passe longo nas costas da linha defensiva adversária poderá isolar um jogador numa situação de 1v0+Gr.

Figura 04
Outro exemplo é de quando um jogador opta por rematar a mais de 30 metros da baliza e consegue finalizar. Não existe a necessidade de entrar na zona de finalização para se estar em situação de finalização.

Figura 05
Para que exista uma adaptação à dinâmica real do jogo devemos ter em consideração que o adversário vai modificando a sua estrutura no decorrer do jogo, nunca está fixa. Podemos estar a atacar no nosso meio campo defensivo e estarmos numa situação em que conseguimos criar uma situação de finalização, não existindo a obrigatoriedade/necessidade de se chegar a um espaço específico no campo para se estar em situação de criar situações de perigo ou numa construção.
Definir a organização ofensiva de uma equipa tendo em consideração uma variável fixa (campo) não fará com que a equipa se adapte eficazmente ao adversário. Esta deverá estar sempre subjacente ao posicionamento do adversário e ao que está a fazer a cada momento.
Para conseguirmos ter uma organização definida consoante a dinâmica do jogo, optamos por definir 6 zonas distintas, que a todo o momento conseguimos identificar, esteja onde estiver o adversário e a bola.
Vamos ter em consideração 4 referencias fixos, as duas linhas laterais e as duas linhas finais, e o posicionamento do adversário.
Tomando como exemplo o posicionamento do adversária numa estrutura defensiva em 433 (como mostra a imagem) conseguimos identificar claramente a formação de 6 zonas distintas: Uma em cada corredor lateral e quatro no corredor central.

Figura 06
Para conseguirmos explicar melhor cada zona do terreno, vamos utilizar o exemplo do exercício, com uma estrutura ofensiva em 433, com um médio centro, dois médios interiores e dois extremos em espaço interior.

Figura 07
Vamos então definir cada zona:
Zonas em largura | Corredores laterais
A largura da equipa é-nos dada pela projecção dos laterais, que normalmente utilizam o corredor para ir à linha de fundo efectuar cruzamentos para a grande área. Este corredor vai de uma linha de fundo à outra enquanto que em largura vai desde a linha lateral até ao primeiro adversário.

Figura 08
Primeira Zona | Profundidade defensiva
Este espaço vai desde o guarda-redes até à frente dos avançados adversários. Quem normalmente assume este espaço são os centrais, laterais e guarda-redes, sendo que por vezes um ou dois dos médios podem descer para construir neste espaço.

Figura 09
Segunda Zona | Costas dos avançados
Este espaço vai desde as costas dos avançados até à frente dos médios adversários. Quem normalmente se posiciona neste espaços são os médios centro.

Figura 10
Terceira Zona | Espaço entre-linhas
Entre-linhas é o nome que damos ao espaço entre a linha defensiva adversária e o seu meio campo. Aqui normalmente posicionam-se os médios ofensivos, extremos interiores e ponta de lança.

Figura 11
Quarta Zona | Profundidade ofensiva
Este é definido pelo espaço que se encontra nas costas do último defesa adversário. Aqui aparecem diversos jogadores mas tradicionalmente é o espaço dos extremos, ponta de lança e médio ofensivo.

Figura 12
Tendo então em consideração estas zonas que são definidas consoante o posicionamento do adversário em campo, vamos organizar ofensivamente a equipa, definindo para cada jogador as suas missões tácticas e dinâmicas pretendidas.
O médio centro (6) deve procurar uma linha de passe atrás do ponta de lança adversário enquanto os dois médios interiores (8; 10) devem procurar linhas de passes atrás dos 3 avançados adversários.
Os dois defesas centrais (4; 5) constroem à frente dos 3 avançados adversários enquanto os dois laterais (2; 3) abrem em largura máxima, projectando-se em profundidade de forma a arrastarem os extremos adversários para longe dos defesas centrais, para que tenham espaço para a construção.
Os dois extremos (11; 7) procuram o espaço interior nas costas dos três médios adversários enquanto o ponta de lança (9) se posiciona no meio dos centrais adversários na procura da profundidade nas costas destes.
Com estas instruções conseguimos definir de forma muito simples a equipa. Os jogadores começam a compreender as ideias do treinadores e o que pretende. Mas orientar posicionalmente os jogadores não é o suficiente para se organizar ofensivamente uma equipa, temos que também definir quais as dinâmicas que pretendemos. Quem pode passar de zona para zona, quem deve procurar a profundidade ofensiva, etc... Estas dinâmicas são importantes para destabilizar o adversário, abrindo assim espaços para que os jogadores possam aproveitar.
Alguns treinadores podem definir que os seus laterais se devam projectar para o meio campo ofensivo enquanto um dos médios desce para se posicionar entre os centrais, numa construção a 3.

Figura 13
Outros podem optar por recuar os laterais, dando largura aos extremos enquanto os médios procuram espaços nas costas dos avançados adversários.

Figura 14
Alguns treinadores definem que sempre que a bola se encontra num dos corredores, o extremo do lado oposto deve procurar a profundidade nas costas do segundo central (central do lado oposto). Isto acontece porque neste momento este central tem que se posicionar para o lado da bola, deixando momentaneamente de conseguir vigiar o espaço nas suas costas. Com a desmarcação do segundo extremo (lado oposto) nas costas deste central, consegue aproveitar um espaço que não está a ser protegido pelo nenhum dos centrais.

Figura 15
Existem inúmeras opções que um treinador pode explorar. O importante é que os jogadores consigam entender a sua ideia.
Este exercício, perante uma oposição fixa, tem como finalidade definir posicionamentos mas também as dinâmicas que o treinador pretende para a sua equipa.
Numa segunda fase de aplicação destes conceitos colocamos uma oposição dinâmica mas passiva, para que os jogadores experimentem as constantes modificações que as estruturas sofrem. Desta forma podem adaptar-se, aprendendo a ler o jogo como o seu treinador o faz.
Sem uma linguagem comum entre treinadores e jogadores, tudo se torna mais difícil.
João Miguel Parreira