EXERCÍCIO 35 - ORGANIZAÇÃO DE JOGO
EXERCÍCIO | FORMA | OBJECTIVOS
Exercício para organização ofensiva 10v0+Gr.
OBJECTIVOS OFENSIVOS
Organização ofensiva colectiva.
OBJECTIVOS DEFENSIVOS
Princípios defensivos individuais.
Complexidade 100%

Figura 01
REGRAS | DESCRIÇÃO
Uma das equipas a atacar enquanto a equipa que defende fá-lo de forma passiva. Deve pressionar os jogadores adversários mas não intercepta ou recupera a posse de bola.
Na organização de uma equipa de futebol, o treinador procura colocar os seus jogadores dentro do espaço de jogo utilizando dois eixos - a profundidade e largura. A área que a equipa deve ocupar expande ou comprime-se consoante a fase em que a equipa se encontra.
Defensivamente pretende-se que a equipa se comprima, ocupando uma menor área, protegendo o espaço central.

Figura 02
Ofensivamente pretende-se o oposto, que a equipa se expanda, ocupando o maior espaço possível. Desta forma dificulta ao máximo as acções de marcação do adversário pois obriga-o a ter que percorrer um maior espaço.

Figura 03
A equipa que defende marca numa zona mista, com os extremos, laterais e médios centro a marcarem os adversários individualmente. O ponta de lança defende em inferioridade numérica contra os dois defesas centrais e guarda-redes adversário (1v3), enquanto os centrais marcam o ponta de lança adversário em superioridade numérica (2v1).

Figura 04
Após se definir qual o tipo de organização defensiva a utilizar pela equipa em fase defensiva, devemos agora orientar todo o foco para quem ataca.
Com a bola a sair pelo guarda-redes, pretendemos que os centrais consigam ter espaço para sair a jogar. Para tal, a primeira orientação a dar vai no sentido de posicionar os quatro jogadores que constituem a linha defensiva. Os centrais devem abrir à largura da grande área enquanto os laterais devem abrir em amplitude máxima projectando-se em profundidade.
Com o posicionamento dos laterais em largura e profundidade, conseguimos afastar as suas marcações para longe da zona de acção dos centrais. Estes ao abrirem obrigam o ponta de lança adversário a ter que percorrer um maior espaço para marcar ambos os jogadores, ficando assim com espaço para receber sozinhos.

Figura 05
Aqui colocamos uma referência ao guarda-redes. Este deve funcionar como mais um jogador para a saída de bola. Ao posicionarmos os jogadores da equipa para que os centrais estejam em condições de estar 2v1 com o avançado adversário, se este optar por pressionar de imediato um dos centrais, devem utilizar o guarda-redes para transformar esta situação num 3v1.
Enquanto o avançado estiver a pressionar sozinho, estes três jogadores devem continuar a circular entre si por forma a debilitar fisicamente o avançado adversário.

Figura 06
O médio centro (6) deve posicionar-se perto do grande círculo enquanto os dois médios interiores procuram espaços no meio campo ofensivo. Estes posicionamentos têm o mesmo fim, arrastar os adversários o mais possível para junto da sua área por forma a criar espaço para que a linha defensiva possa sair a jogar curto.

Figura 07
Por fim, o posicionamento dos 3 avançados. Estes devem projectar-se em profundidade ao máximo, devendo ter em atenção o fora de jogo. O posicionamento destes três jogadores é de fundamental importância no esticar da equipa adversária, dando assim mais espaço para se poder circular no meio campo defensivo. Estes ficam sem entrar directamente na posse de bola mas são uma grande influência na circulação desta.

Figura 08
No pontapé de baliza, se o adversário optar por subir muito a linha defensiva para zonas perto do meio campo, os avançados devem posicionar-se atrás destes. Não havendo infracção à lei do fora de jogo no pontapé de baliza, o adversário é obrigado a recuar ou correrá o risco de a bola ser colocada directamente num jogador posicionado no seu meio-campo, sozinho.

Figura 09
O exercício inicia-se com a bola a ser colocada num dos defesas centrais. A partir deste momento, os jogadores devem movimentar-se consoante as indicações do treinador. Quem vem buscar, quem deve procurar a profundidade, quem mantém a largura, procurar o jogo interior ou procurar jogar por fora, etc...
A equipa em fase defensiva vai acompanhando os jogadores de forma a colocar-lhes alguma pressão. Para alguns jogadores só o facto de terem um adversário por perto é o suficiente para lhe colocar pressão na suas decisões, mesmo sabendo que este não lhe pode tirar a bola. Desta forma habituamos os jogadores a circular tendo sempre alguém por perto.
Com o acompanhamento dos defesas, estão sempre a abrir-se espaços. A equipa com bola deve ir interagindo com estes espaços procurando aproveitá-los.

Figura 10
Após a bola entrar num dos centrais, os jogadores em fase ofensiva devem ir circulando entre si até conseguirem chegar à grande área adversária. Os jogadores em fase defensiva continuam a acompanhar as suas marcações.

Figura 11
Na altura que a bola é colocada no guarda-redes adversário, trocam-se as funções de cada equipa. A que estava a defender deve abrir de imediato para sair a circular enquanto a equipa que atacava deve fechar o mais rápido possível, com os jogadores a acompanharem as suas marcações como definido anteriormente.

Figura 12
Após os jogadores interiorizarem as movimentações pedidas pelo treinador orientamos o nosso foco para a introdução de alguns princípios defensivos que queremos ver operacionalizados pela nossa equipa, em especial na última linha defensiva (defesas).
A linha defensiva deve começar a subir e descer consoante a bola. Isto é importante para que a equipa consiga controlar a sua profundidade defensiva por forma a retirar espaço ao adversário. Uma equipa que não recue no momento ideal arrisca-se a levar bolas nas costas, deixando o adversário sozinho em frente ao guarda-redes. Por outro lado, uma equipa que não saiba subir a sua linha defensiva nos momentos certos, não consegue pressionar o adversário com tanta eficiência.
Quando a bola é colocada para trás (bola recuada), a linha defensiva deve subir um pouco. A bola ao ser recuada não pode ser colocada nas costas da linha defensiva. Este é o momento ideal para se subir um pouco, retirando espaço ao adversário ao mesmo tempo que lhes aumenta a pressão, mas sempre de forma controlada.

Figura 13
Quando o adversário com bola está sem pressão (bola solta), a linha defensiva deve recuar.
O adversário ao estar sem pressão tem tempo para analisar o jogo e colocar uma bola não só com qualidade mas no espaço que desejar. Neste momento a linha defensiva fica vulnerável a um bola nas costas, sendo fundamental que os defesas retirem de imediato a profundidade ao adversário.

Figura 14
Quando o adversário com bola está a ser pressionado (bola pressionada), a linha defensiva pode subir um pouco.
Com pressão, o adversário terá mais dificuldades em colocar uma bola em profundidade. Neste momento a linha defensiva deve aproveitar para subir um pouco, retirando assim espaço ao adversário para jogar ao mesmo tempo que lhes aumenta a pressão.

Figura 15
Quando o adversário coloca uma bola em profundidade a linha defensiva deve reagir um pouco antes recuando.
No momento que o adversário coloca uma bola em profundidade nas costas da linha defensiva, não se sabe se existe na realidade fora de jogo ou se o árbitro o irá marcar. Assim sendo, é fundamental que a linha defensiva esteja preparada para reagir por forma a conseguir fazer oposição ao adversário. Ficar parado a pedir fora de jogo não pode ser opção, isso é trabalho para o árbitro.
Os jogadores devem observar o exacto momento que o adversário vai colocar a bola, começando a recuar uns momentos antes de acontecer o passe.

Figura 16
Um segundo tipo de informação a dar à defesa gira em volta das distâncias de marcação ao adversário. Esta aumenta ou diminui consoante o lado da bola.
O jogador da bola e os jogadores que se encontram do lado da bola devem ser marcados um pouco mais em cima. Com isto queremos dizer que o defesa se deve aproximar mais da sua marcação, não lhe dando tanto espaço para poder receber sem pressão.
Por sua vez, os jogadores do lado oposto ao da bola devem ser marcados um pouco mais longe.
A explicação é simples, a bola ao ser colocada no lado oposto tem que percorrer um maior espaço, demorando mais tempo a chegar ao seu destino. Este é o tempo suficiente para que o defesa consiga chegar perto do atacante, colocando-lhe assim pressão.
Por outro lado, afastando um pouco mais do atacante, estamos a posicionarmos mais para o meio, ajudando assim na marcação do espaço interior. Este posicionamento irá constranger a decisão do jogador com bola, pois observa uma maior concentração em espaço central.

Figura 17
Uma última indicação a dar aos defesas gira em volta do seu posicionamento defensivo. Os defesas devem a todo o momento manter-se entre o adversário e a sua baliza. Enquanto este posicionamento se mantiver dizemos que estamos equilibrados defensivamente, quando o atacante consegue ultrapassar o defesa observamos um desequilíbrio defensivo.

Figura 18
Com este exercício o treinador tem a possibilidade de começar a introduzir as suas ideias para a organização ofensiva da equipa, desde a saída de bola do guarda-redes passando pela circulação até à grande área adversária.
Defensivamente conseguimos iniciar a introdução de alguns princípios defensivos de suporte de qualquer método defensivo. Este servirá de suporte para em exercícios futuros continuarmos a explorar a nossa ideia de organização defensiva.
João Miguel Parreira